sábado, 20 de setembro de 2008

Miradouros de Lisboa!


Muitas vezes precisamos de pensar e ter um cantinho só para nós. Uns precisamos de sítios recatados e sem barulho, outros do barulho dos cafés. Eu em vez de um, arranjei três!!! São três miradouros em Lisboa: o miradouro da Graça, o miradouro da Nossa Senhora do Monte e o da Penha de França. Em todos eles encontro uma força inspiradora, uma energia extremanente positiva.

Além da fantástica vista que oferecem sobre a cidade de Lisboa, permitem-me ao mesmo tempo ver o que mais gosto, os aviões que se dirigem para o aeroporto.

Olhando para a cidade, vejo nela todo o seu esplendor, a sua história, os momentos que tenho vivido nela.... (já lá vão 10 anos!!). O intrincado das suas ruas, lembra-me a complexidade das relações humanas.

Se bem que começo a ver Lisboa pelas ruas que mais próximas estão do meu olhar, aos poucos dou por mim a percorrê-las em direcção ao Tejo. Parece que todos os caminhos vão dar ao Tejo, e na verdade vão!!! É engraçado ver, ao longe, toda a dinâmica do rio. Ao longe, porque aprendi que, por vezes na vida, é a distância que cura e acaba por unir as pessoas. Não é essa função das pontes que atravessam o rio, unir-nos?

Olhando para o pilar norte da 25 de Abril, vemos muitas vezes, ao longe os aviões que estão em aproximação à capital. Inicialmente olhava para eles e via apenas o seu exterior, mas com o tempo fui mudando a minha percepção sobre eles. Comecei por vê-los como um meio de transporte que trazia nele cerca de 200 a 300 pessoas.

Ainda hoje acho incrível, o feito de voar! É incrível a sensação de dominar uma máquina pelo éter - o espaço outrora dominado pelo deuses e figuras mitológica e agora percorrido pelos afortunados! Mas a descrição dessa beleza fica para "o futuro que há de vir"!

Continuando.... Mas olhar para as pessoas como um todo acaba por desumaniza-las, descontextualiza-las e retirar-lhes importância. Certo dia, num daqueles momentos em que buscava inspiração, dei por mim a olhar não só os aviões que chegavam, mas também a olhar para o seu interior e a ver não um grupo de pessoas, mas uma vida de cada vez. Dei por mim a observar toda a panóplia de situações que vem ali agrupada: desde pessoas que regressam de uma viagem e estão ansiosas por reaver os seus ente-queridos, ás pessoas que se encheram de coragem e decidiram partir á descoberta e reformular as suas vidas.

E foi estas que dei por mim a admirar. Sim, porque é necessária uma enorme dose de coragem e força de vontade, para largar a família, os amigos e partir em direcção ao desconhecido. Na verdade eles são verdadeiros Intrépidos que procuram dobrar o Cabo das Tormentas e encontrar o Reino dos Preste João. O querer ir mais além, foi sempre um sentimento que dominou o Homem, mais que tudo acho que é um verdadeiro Dom; e muitas vezes não sabemos aproveitá-lo!

Para muitos, chegar a Lisboa é o começar de um novo ciclo, de uma nova fase. E é o que sinto neste momento, que estou agora a começar uma nova fase. Não porque queira romper com o passado, mas porque o que vinha vivendo se transformou. Se em algum momento me senti na escuridão, foi ao olhar para as janelas desses aviões e ver-me através delas, que percebi que uma amizade pode ser abalada, mas não morre quando está bem alicerçada!

Normalmente, quando me dirijo a um deste miradouros, vou pensativo e com um olhar cabisbaixo. Mas é engraçado, que desde o momento em que me debruço sobre um dos seu beirais, dou por mim, á medida que o olhar percorre Lisboa, a erguer a cabeça e a desejar o Mundo!

Na verdade, hoje sinto que «I can see clearly now» e agradeço, genuínamente e do fundo do meu coração, a quem nos últimos anos e principalmente neste últimos meses teve a paciência de aturar-me, como sou e pelo que sou. E também porque, juntando os seus tijolos ao meus, contribuiu para erguer-me no Mundo.

"Obrigado amigos!!"

1 comentário:

Rui Gabriel Baptista disse...

O verdadeiro nome é Miradouro do Monte Agudo.

E esse é sem dúvida dos miradouros mais interessantes, apesar do estado de degradação em que se encontra.

Todas a formas de o encontrar são bastante dificieis para os mais distraidos, o que por si só já lhe dá um carisma de mistério.

Trata-se de um miradouro simples e praticamente destruido, no entanto todo o ambiente natural que o envolve e que se transforma durante as várias estações do ano, parecem sussurrar-nos: "Nem tudo é como os teus olhos vêem."

Depois de um grande incendio, novos botões voltaram a fluir. Pode durar dias, meses ou anos, mas um terra fertil nunca ficará esteril.